Escravidão na África, antes e depois das rotas atlânticas

Gravura que retrata o rei de Morenga e seus súditos
Como
em muitos momentos da história da humanidade, também na África a
escravidão era uma instituição presente em algumas civilizações. Desde a
antiguidade remota que a escravidão era praticada no continente, assim
como havia sido praticada na Grécia, em Roma, na Europa feudal (de forma
residual) e no Oriente.
Mas a escravidão interna do continente africano
era distinta do tráfico de escravos que passou a vigorar depois das
conquistas de territórios africanos por portugueses e demais povos
europeus a partir do século XV e XVI. A principal
diferença era que a escravidão na África não tinha o caráter comercial
adotado após o desenvolvimento do tráfico de escravos através do oceano
Atlântico.
Um dos sistemas que existiam na África negra era o jonya, difundido no Sudão ocidental, no Níger e no Chade. O jon
era o cativo, um escravo ligado a uma linhagem e que não podia ser
cedido nem vendido, tendo direito à maior parte do que produzia.
Pertencia nesse sistema ao Estado e ao seu aparelho político.
Entre os cubas, por exemplo, havia venda apenas esporádica de escravos. O aumento populacional representava também o aumento do poder
do monarca, o que levava ao estímulo da procriação das mulheres
escravas. Os filhos destas nasciam livres e os seus netos
incorporavam-se à sociedade. Por esses fatores, a venda de escravas era
quase inexistente.
Trabalhadores
qualificados que eram escravos também não eram vendidos em muitas das
sociedades africanas. A escravidão com cunho comercial, que em alguns
locais substituiu o jonya, começou a ganhar força com a islamização de algumas áreas do continente africano, principalmente no Norte.
Entretanto, a escravização em massa ocorreu com a abertura das rotas comerciais no Atlântico. A ligação comercial do continente africano com a Europa e a América transformou o escravo em um dos principais produtos de exportação,
gerando grandes lucros à elite de várias sociedades africanas. Tal
situação ampliou o número de escravos se comparada aos antigos sistemas
existentes na África e garantiu a exploração dos vastos territórios
recém-conhecidos na América.
Nenhum comentário:
Postar um comentário