Contrarreforma, novo fôlego ao catolicismo

A Contrarreforma
foi um movimento de reação da Igreja Católica ao surgimento de novas
doutrinas cristãs na Europa, em um processo conhecido como Reforma
Protestante. Após perder o poder religioso, econômico e político nos
reinos alemães e na Inglaterra, além da diminuição da influência nos
Países Baixos, França, Áustria, Boêmia e Hungria, a Igreja Católica
reagiu, e de forma repressiva.
Uma das primeiras medidas foi a criação da Companhia de Jesus. Ordem religiosa dos jesuítas, a Companhia de Jesus foi fundada pelo militar Inácio de Loyola e era
organizada de forma semelhante a um exército. A estrutura hierárquica
era rigidamente respeitada, tendo em seu cimo o superior da ordem e o
papa.
A principal função da ordem era buscar o fortalecimento da Igreja através de ações disciplinares e moralizantes. Os jesuítas
foram a partir daí um dos principais divulgadores da doutrina católica,
em razão principalmente do papel de educadores por eles desempenhado.
Entre 1545 e 1563 foi realizado o Concílio de Trento,
na Itália. Esse encontro das principais autoridades católicas (e também
alguns teólogos protestantes) tinha por objetivo redefinir o
posicionamento da Igreja em relação à sua doutrina religiosa, bem como
encontrar meios de frear o avanço do protestantismo pela Europa.
Dentre
as medidas tomadas no Concílio de Trento houve um recuo em relação às
críticas dos protestantes: foi proibida a venda de indulgências e também
foi decidido pela criação de seminários. Esta última instituição seria
responsável pela formação eclesiástica do clero, buscando evitar, dessa
forma, a venda de cargos na Igreja.
Por
outro lado, o que ocorreu foi a afirmação dos dogmas religiosos
católicos. O princípio da salvação pela fé e boas obras foi mantido,
mesmo após as críticas de Martinho Lutero. O culto à Virgem Maria e aos
santos foi reafirmado, bem como a existência do purgatório. A crença
católica manteria as duas origens: a Bíblia e as tradições transmitidas
pela Igreja Católica.
A
constituição de um catecismo para doutrinar as crianças estava também
entre as medidas adotadas. A infalibilidade do papa, ou seja, a noção de
que o papa era infalível em questões religiosas e morais, foi
reforçada, assim como o dogma da transubstanciação, através do qual se
acreditava que o pão e o vinho transformavam-se em corpo e sangue de
Cristo.
O Tribunal do Santo Ofício, a Inquisição,
foi reativado para poder perseguir os praticantes das doutrinas cristãs
protestantes. Milhares de pessoas foram torturadas e muitas mortas.
Grandes expoentes da ciência mundial, como Galileu Galilei, foram
julgados como heréticos em decorrência de suas pesquisas, como a de a
Terra girar em torno do Sol. Galileu foi obrigado a renegar suas
próprias ideias para fugir da morte na fogueira.
Uma
lista de livros proibidos foi criada, em uma época em que a imprensa
criada por Gutemberg havia facilitado a difusão da cultura escrita. O Index Librorum Prohibitorum indicava os livros que eram proibidos aos católicos, tais como O Elogio da Loucura, de Erasmo de Roterdã; o Decameron, de Boccaccio; obras de Maquiavel, Newton, Copérnico, bem como livros luteranos e calvinistas. O Index era constantemente atualizado e foi extinto apenas quatro séculos depois, em 1966.
Com
a Contrarreforma, a Igreja Católica conseguiu conter o avanço do
protestantismo em alguns países, principalmente na Itália, Espanha e
Portugal. O fato de esses dois últimos países empreenderem as Grandes
Navegações e colonizarem a América fez com que a maior parte do novo
continente fosse cristianizada, dando novo fôlego ao catolicismo. Os
jesuítas foram os principais sujeitos dessa cristianização, que contou
com a luta contra a cultura indígena, a exploração do trabalho deles e
também com a morte de milhares de habitantes do Novo Mundo.
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