quinta-feira, 12 de junho de 2014

Caravaggio

Luzes e sombras, na vida e na obra

Colaboração para Folha Online

Michelangelo, seu primeiro nome, é igual ao de outro mestre. Michelangelo Merisi da Caravaggio nasceu em 1571, e o nome Caravaggio é referente à cidade em que viveu. Por muitos anos acreditou-se que o artista teria nascido nesta cidade, mas hoje muitos historiadores trabalham com a hipótese de sua cidade natal ser Milão. Foi somente em 1576 que a família se mudou para a vila de Caravaggio, com a intenção de fugir da peste que assolava Milão. Conhecido como um artista "tenebrista", cujo estilo de pintar mesclava fundos negros com focos de luz intensa, ficou famoso, também, por seu gênio tempestuoso.



                          Caravaggio



Arte que reflete a vida de seu criador, os quadros de Caravaggio contêm traços dessa existência intensa e turbulenta, apresentando cenas religiosas com violência e crueldade, como em "A Decapitação de São João Batista". O forte contraste entre os fundos escuros (as "trevas") e os personagens banhados por uma luz que incide forte e dramática, típico da técnica do "claro-escuro", é a principal característica das obras do artista, marcadas também por um forte realismo na caracterização dos personagens, suas vestes e objetos que os cercam.

Seu pai morreu quando ele tinha apenas seis anos; a mãe, quando tinha 18. Alguns anos antes, aos 12, o então jovem artista ingressava como aprendiz no estúdio do pintor milanês Simone Peterzano. Após a morte da mãe, Caravaggio herdou parte da propriedade da família. Foi com o dinheiro da venda dessas terras que ele partiu para Roma. Lá, passou a conviver com artistas plásticos e arquitetos vindos de toda a Itália, numa época em que a Contra-Reforma católica incentivava a construção de novas igrejas e os trabalhos de decoração nos templos eram fartos.

Caravaggio teve uma vida curta: não chegou aos 40 anos e viveu a maior parte desse tempo em Roma. Após um período inicial de miséria, quando chegou a fazer pinturas em série para vender nas ruas, passou a trabalhar para o Cardeal Del Monte, clérigo sofisticado e rico, patrono da escola de pintores de Roma, a "Academia de São Lucas". Com um aposento no "palazzo" do Cardeal e uma pensão regular, Caravaggio passou a pintar vários quadros de rapazes com traços femininos, já que Del Monte, secretamente, apreciava jovens desse tipo.

Até fugir de Roma devido a uma briga, Caravaggio realizaria uma série de importantes quadros de temática religiosa, muitas vezes feitos diretamente nas paredes das novas capelas que eram erguidas. Ao recusar-se a pagar uma aposta perdida, o genioso pintor brigou com um certo Ranuccio Tommasoni, que não resistiu aos ferimentos. Começaria então o período final de sua vida, quando viveu em Nápoles, Malta, Siracusa, Messina e Palermo, geralmente fugindo de um lugar para o outro devido a desavenças e perseguições.

Morreu aos 39 anos, a poucos quilômetros de Roma, mas sem ter retornado à cidade, já que não havia conseguido o perdão papal para voltar. O artista Giovanni Baglione, que anos antes o havia processado por ofensa, narrou seus últimos momentos: "Foi colocado numa cama, com febre muito forte, e ali, sem ajuda de Deus ou de amigos, morreu depois de alguns dias, tão miseravelmente quanto viveu".

Michelangelo

Michelangelo: uma biografia

O Nascimento de um Gênio

Michelangelo nasceu a 6 de março de 1475, em Caprese, província florentina. Se pai Ludovico di Lionardo Buonarroti Simoni era um homem violento, "temente de Deus", sua mãe, Francesca morreu quando Michelangelo tinha seis anos. Eram 5 irmãos.
Michelangelo foi entregue aos cuidados de uma ama-de-leite cujo marido era cortador de mármore na aldeia de Settignano. Mais tarde, brincando, Michelangelo atribuirá a este fato sua vocação de escultor. Brincadeira ou não, o certo é que na escola enchia os cadernos de exercícios com desenhos, totalmente desinteressados das lições sobre outras matérias. Por isso, mais de uma vez foi espancado pelo pai e pelos irmãs de seu pai, a quem parecia vergonhuso ter um artista na familia, justamente uma familia de velha e aristocrática linhagem florentina, mencionada nas crônicas locais desde o século XII. E o orgulho familiar jamais abandonará Michelangelo. Ele preferirá a qualquer titulo, mesmo o mais honroso, a simplicidade altiva de seu nome: "Não sou o escultor Michelangelo. Sou Michelangelo Buonarroti".
Aos 13 anos, sua obstinação vence a do pai: ingressa, como aprendiz, no estúdio de Domenico Ghirlandaio, já então considerado mestre da pintura de Florença. Mas o
aprendizado é breve - cerca de um ano -, pois Michelangelo irrita-se com o ritmo do ensino, que lhe parece moroso, e além disso considera a pintura uma arte limitada: o que busca é uma expressão mais ampla e monumental. Diz-se também que o motivo da saida do juvem foi outro: seus primeiros trabalhos revelaram-se tão bons que o professor, enciumado, preferiu afastar o aluno. Entretanto, nenhuma prova confirma essa versão.


Florença e o Mecenato

Deixando Ghirlandaio, Michelangelo entra para a escola de escultura que o mecenas Lourenço, o Magnifico - riquissimo banqueiro e protetor das artes em Florença mantinha nos jardins de São Marcos. Lourenço interessa-se pelo novo estudante: aloja-o no palácio, faz com que sente à mesa de seus filhos. Michelangelo está em pleno ambiente fisico e cultural do Renascimento italiano. A atmosfera, poética e erudita, evoca a magnificência da Grécia Antiga, seu ideal de beleza - baseado no equilibrio das formas -, sua concepção de mundo - a filosofia de Platão.


Baco


Michelangelo adere plenamente a esse mundo. Ao produzir O Combate dos Centauros, baixo-relevo de tema mitologico, sente-se não um artista italiano inspirado nos padrões clássicos helênicos, mas um escultor grego de verdade. Em seu primeiro trabalho na pedra, com seus frisos de adolescentes atléticos~ reinam a força e a beleza impassíveis, como divindades do Olimpo.
Na Igreja del Carmine, Michelangelo copia os afrescos de Masaccio. Nos jardins de Lourenço, participa de requintadas palestras sobre filosofia e estética. Mas seu temperamento irônico, sua impaciência com a mediocridade e com a lentidão dos colegas lhe valem o primeiro - e irreparável - choque com a hostilidade dos invejosos. Ao ridicularizar o trabalho de um companheiro, Torrigiano dei Torrigiani - vaidoso e agressivo -, este desfechou-lhe um golpe tão violento no rosto que lhe desfigurou para sempre o nariz. Mancha que nunca mais se apagará da bua sensibilidade e da sua retina, a pequena deformação lhe parecerá dai por diante um estigma - o de um mundo que o escorraça por não aceitar a grandeza do seu gênio - e também uma mutilação ainda mais dolorosa para quem, como ele, era um sofisticado esteta, que considerava a beleza do corpo uma legitima encarnação divina na forma passageira do ser humano.
Em 1490, Michelangelo tem 15 anos. É o ano em que, o monge Savonarola começa a inflamada pregação mistica que o levará ao governo de Florença. O anúneio de que a ira de Deus em breve desceria sobre a cidade atemoriza o jovem artista: sonhos e terrores apocalípticos povoam suas noites. Lourenço, o Magnifico, morre em 1492. Michelangelo deixa o palácio. A revolução estoura em 1494. Michelangelo, um mês antes, fugira para Veneza.
Longe do caos em que se convertera a aristocrática cidade dos Médici, Michelangelo se acalma. Passa o inverno em Bolonha, esquece Savonarola e suas profecias, redescobre a beleza do mundo. Lê Petrarca, Boccaccio e Dante. Na primavera do ano seguinte, passa novamente por Florença. Esculpe o Cupido Adormecido -- obra "pagã" num ambiente tomado de fervor religioso -, vai a Roma, onde esculpe Baco Bêbado, Adônis Morrendo. Enquanto isso, em Florença, Savonarola faz queimar livros e quadros - "as vaidades e os anátemas".


As Principais Obras

Logo, porém, a situação se inverte. Os partidários do monge começam a ser perseguidos. Entre eles, está um irmão de Michelangelo, Leonardo - que também se fizera monge durante as prédicas de Savonarola. Michelangelo não volta. Em 1498, Savonarola é queimado. Michelangelo se cala. Nenhuma de suas cartas faz menção a esses fatos. Mas esculpe a Pietá, onde uma melancolia indescritível envolve as figuras belas e dássicas. A tristeza instalara-se em Michelangelo.


Pietá


Na primavera de 1501, ei-lo por fim em Florcnça. Nesse mesmo ano, surgirá de suas mãos a primeira obra madura. Um gigantesco bloco de mármore jazia abandonado
havia 40 anos no local pertencente à catedral da cidade. Tinha sido entregue ao escultor Duccio, que nele deveria talhar a figura de um profeta. Duccio, porém, faleceu repentinamente e o mármore ficou á espera. Michclangelo decidiu trabalhá.lo. O resultado foi o colossal Davi, símbolo de sua luta contra o Destino, como Davi ante Golias.
Uma comissão de artistas, entre os quais estavam nada menos que Leonardo da Vinci, Botticelli, Filippino Lippi e Perugino, interroga Michelangelo sobre o lugar onde deveria ficar a estátua que deslumbra a todos quc a contemplam. A resposta do mestre é segura: na praça central de Florença, defronte ao Palácio da Senhoria. E para esse local a obra foi transportada. Entretanto, o povo da cidade, chocado com a nudez da figura, lapidou a estátua, em nome da moral.


Davi



A Sagrada Família


Da mesma época data a primeira pintura (que se conhece) de Michclangelo. Trata-se de um tondo - pintura circular - cujas formas e cores fariam com que, pasteriormente, os críticos o definissem como obra precursora da escola "maneirista". É A Sagrada Familia. Pode-se ver que, mesmo com o pincel, Michdangelo não deixa de ser escultor. Ou, como ele próprio dizia: "Uma pintura é tanto melhor quanto mais se aproxime do relevo".
Em março de 1505, Michelangelo é chamado a Roma pelo Papa Júlio lI. Começa então o periodo heróico de sua vida. A idéia de Júlio II era a de mandar construir para si uma tumba monumental que recordasse a magnificência da Roma Antiga com seus mausoléus suntuosos e solenes. Michclangelo aceita a incumbência com entusiasmo e durante oito meses fica em Carrara, meditando sobrc o esquema da obra e selecionando os mármores que nela seriam cmpregados. Enormes blocos de pedra começam a chegar a Roma e se acumulam na Praça de São Pedro, no Vaticano. O assombro do povo mistura-se à vaidade do papa e à inveja de outros artistas. Bramante de Urbino, arquiteto de Júlio II, que fora freqüentes vezes criticado com palavras sarcásticas por Michelangelo, consegue persuadir o papa a que desista do projeto e o substitua por outro: a reconstrução da Praça de São Pedro. Em janeiro de 1506, Sua Santidadc aceita os conselhos de Bramante. Sem sequer consultar Michelangelo, decide suspender tudo: o artista está humilhado e cheio de dividas.


O Papa Julio II


Michelangelo parte de Roma. No dia seguinte, Bramante, vitorioso, começa a edificação da praça. No entanto, Júlio II quer o mestre de volta. Este recusa, Finalmente, encontra-se com o papa em Bolonha e pede-lhe perdão por Ter-se ido. Uma nova incumbência aguarda Michelangelo: executar uma colossal estátua de bronze para ser erguida em Bolonha. São inúteis os protestos do artísta de que nada entende da fundição desse metal. Que aprenda, responde-lhe o caprichoso papa. Durante 15 meses, Michelangelo vive mil acidentes na criação da obra. Escreve ao irmão: "Mal tenho tempo de comer. Dia e noite, só penso no trabalho. Já passei por tais sofrimentos e ainda passo por outros que, acredito, se tivesse de fazer a estátua mais uma vez, minha vida não seria suficiente: é trabalho para um gigante".
O resultado não compensou. A estátua de Júlio II, erguida em fevereiro de 1508 diante da lgreja de Sào Petrônio, teria apenas quatro anos de vida. Em dezembro de 1511, foi destruida por uma facção política inimiga do papa e seus escombros vendidos a um certo Alfonso d'Este, que deles fez um canhão.
De regresso a Roma, Michelangelo deve responder a novo capricho de Júlio II : decorar a Capela Sistina. O fato de o mestre ser antes de tudo um escultor não familiarizado com as técnicas do afresco não entrava nas cogitações do papa. Todas as tentativas de fugir á encomenda são inúteis. O Santo Padre insiste - segundo alguns críticos, manejado habilmente por Bramante que, dessa forma, desejaria arruinar para sempre a carreira de Michelangelo - e o artista cede mais uma vez. A incumbência - insólita e extravagante - é aceita.


Criação do Homem -- Capela Sistina


Dia 10 de maio de 1508, começa o gigantesco trabalho. A primeira atitude do artista é recusar o andaime construído especialmente para a obra por Bramante. Determina que se faça outro, segundo suas próprias idéias. Em segundo lugar, manda embora os pintores que lhe haviam sido dados como ajudantes e instrutores na técnica do afresco. Terceiro, resolve pintar não só a cúpula da capda mas também suas paredes.
É a fase dc Michelangdo herói. Herói trágico. Tal como Prometeu, rouba ao Olimpo o fogo de sua genial inspiração, embora os abutres das vicissitudes humanas nãodeixem de acossá.lo. O trabalho avança muito lentamente. Por mais de um ano, o papa não lhe paga um cêntimo sequer. Sua família o atormenta com constantes pedidos de dinheiro. A substância frágil das paredes faz logo derreter as primeiras figuras que esboçara. Impaciente com a demora da obra, o papa constantemente vem perturbar-lhe a concentração para saber se o projeto frutificava. O diálogo é sempre o mesmo: "Quando estará pronta a minha capela?" -- "Quando eu puder!" Irritado, Júlio II faz toda a sorte de ameaças. Chega a agredir o artista a golpes de bengala, que tenta fugir de Roma. O papa pede desculpas e faz com que lhe seja entregue - por fim - a soma dc 500 ducados. O artista retoma a tarefa.


Criação do sol e da lua -- Capela Sistina


No dia dc Finados de 1512, Michelangdo retira os andaimes que encobriam a perspectiva total da obra e admite o papa à capela. A decoração estava pronta. A data dcdicada aos mortos convinha bem á inauguração dessa pintura terrível, plena do Espírito do Deus que cria e que mata. Todo o Antigo Testamento está ai retratado em centenas de figuras e imagens dramáticas, de incomparável vigor e originalidade de concepção: o corpo vigoroso de deus retorcido e retesado no ato da criação do Universo; Adão que recebe do Senhor o toque vivificador de Sua mão estendida, tocando os dedos ainda inertes do primeiro homem; Adão e Eva expulsos do Paraíso; a embriaguez de Noé e o Dilúvio Universal; os episódios bíblicos da história do povo hebreu e os profetas anunciando o Messias.
São visões de um esplendor nunca dantes sonhado, imagens de beleza e genialidade, momentos supremos do poder criador do homem. No olhar do Papa Júlio II naquele
dia de Finados de 1512 já se prenunciavam os olhares de mihões de pessoas que, ao longo dos séculos e vindas de todas as partes do mundo, gente de todas as raças, de todas as religiões, de todas as ideologias políticas, se deslumbrarão diante da mais célebre obra de arte do mundo ocidental.


Juízo Universal -- Capela Sistina


Vencedor e vencido, glorioso e alquebrado, Michelangelo regressa a Florença. Vivendo em retiro, dedica-se a recobrar as forças minadas pelo prolongado trabalho; a vista fora especialmente afetada e o mestre cuida de repousá-la. Mas o repouso é breve: sempre inquieto, Michelangelo volta a entregar-se ao projeto que jamais deixara de amar:
o túmulo monumental de Júlio II. Morto o papa em fevereiro de 1513, no mês seguinte o artista assina um contrato comprometendo-se a executar a obra em sete anos. Dela fariam parte 32 grandes estátuas. Uma logo fica pronta. É o Moisés - considerada a sua mais perfeita obra de escultura. Segue-se outra, Os Escravos, que se acha no Museu do Louvre, doada ao soberano Francisco I pelo florentino Roberto Strozzi, exilado na França, que por sua vez a recebera diretamente do mestre em 1546.
Como breve foi o repouso, breve foi a paz. O novo papa, Leão X, decide emular seu antecessor coma protetor das artes. Chama Michelangelo e oferece-lhe a edificação da fachada da Igreja de São Lourenço, em Florença. E o artísta, estimulado por sua rivalidade com Rafael -- que se aproveitara de sua ausência e da morte de Bramante para tornar-se o soberano da arte em Roma -, aceita o convite, sabendo que precisaria suspender os trabalhos relacionados com a tumba de Júlio II. O pior, porém, é que após anos de esforços ingentíssimos, após mil dificuldades, vê o contrato anulado pelo papa Leão X.


Moisés


Só com o sucessor de Leão X, o Papa Clemente VII, Michelangelo encontra novamente um mecenas que o incita a trabalhar arduamente: deverá construir a capela e a tumba dos Medici, sendo-lhe paga uma pensão mensal três vezes superior á que o artista exigira. Mas o destino insiste em turvar seus raros momentos de tranqüilidade: em 1527, a guerra eclode em Florença e Michelangelo, depois de ajudar a projetar as defesas da cidade, prefere fugir, exilando-se por algum tempo em Veneza. Restabelecida a paz, o Papa Clemente, fiel a seu nome, perdoa-lhe os "desvarios" políticos e o estimula a reencetar o trabalho da Capela dos Médici. Com furor e desespero, Michelangelo dedica-se á obra. Quando o interrogam sobre a escassa semelhança das estátuas com os membros da paderosa familia, ele dá de ombros: "Quem perceberá este detalhe
daqui a dez séculos?
Uma a uma emergem de suas mãos miraculosas as alegorias da Ação, do Pensamenlo e as quatro estátuas de base: O Dia, A Noite, A Aurora e O Crepúsculo, terminadas em 1531. Toda a amargura de suas desilusões, a angústia dos dias perdidos e das esperanças arruinadas, tada a melancolia e todo o pessimismo retletem-se nessas obras magnificas e sombrias.


Os Últimos Dias: Solidão e Produção

Com a morte de Clemente VII em 1534, Michelangelo - odiado pelo Duque Alexandre de Medici -- abandona mais uma vez Florença. Agora, porém, seu exilio em Roma será definitivo. Nunca mais seus olhos contemplarão a cidade que tanto amou. Vinte e um anos haviam passado desde sua última estada em Roma: nesse periado, produzira três estátuas do monumento inacabado de Júlio II, sete estátuas inacabadas do monumento inacabado dos Médici, a fachada inacabada da lgreja de São Lourenço, o Cristo inacabado da lgreja de Santa Maria della Minerva e um Apolo inacabado para Baccio Valori.
Nesses vinte e um anos, perdeu a saúde, a energia, a fé na arte e na pátria. Nada parecia mantê-lo vivo: nem a criação, nem a ambição, nem a esperança. Michelangelo tem 60 anos e um desejo: morrer.
Roma, entretanto, lhe trará novo alento: a amizade com Tommaso dei Cavalieri e com a Marquesa Vittoria Colonna, afastando-o do tormento e da solidão, permite-lhe aceitar a oferta de Paulo III, que o nomeia arquiteto-chefe, escultor e pintor do palácio apostólico. De 1536 a 1541, Michelangelo pinta os afrescos do Juízo Universal na Capela Sistina. Nada melhor que suas próprias idéias sobre pintura para definir essa obra e o homem que a criou: "A boa pintura aproxima-se de Deus e une-se a Ele... Não é mais do que uma cópia das suas perfeições, uma sombra do seu pincel, sua música, sua melodia... Por isso não basta que o pintor seja um grande e hábil mestre de seu oficio. Penso ser mais importante a pureza e a santidade de sua vida, tanto quanto possível, a fim de que o Espírito Santo guie seus pensamentos..."
Terminados os afrescos da Sistina, Michelangelo crê enfim poder acabar o monumento de Júlio II. Mas o papa, insaciável, exige que o ancião de 70 anos pinte os afrescos da Capela Paulina - A Crucfliurão de São Pedro e A Conversão de São Paulo).
Concluídos em 1550, foram suas últimas pinturas. Durante todo esse tempo, os herdeiros do Papa Júlio II não cessararn de perseguir o artista pelo não cumprimento dos vários contratos por ele assinados para o término da obra. O quinto contrato seria cumprido. Em janeiro de 1545, inaugurava-se o monumento. O que restara da plano primitivo? Apenas o Moisés, no inicio um detalhe do projeto, agora o centro do monumento executado. Mas Michelangelo estava livre do pesadelo de toda a sua vida.


Tumba da Família Médici


Os últimos anos do mestre ainda foram fecundos, embora numa atividade diferente: a arquitetura. Dedicou-se ao projeto de São Pedro, tarefa que lhe custou exaustivos esforços devido às intrigas que lhe tramaram seus acirrados inimigos. Projetou também o Capitólio - onde se reúne o Senado italiano - e a Igreja de São João dos Florentinos
(cujos planos se perderam).
Ainda encontra energias para esculpir. Renegando cada vez mais o mundo, Michelangelo busca uma união mística com o Cristo. Sua criação, como a de Botticelli no final da vida, é toda voltada para as cenas da Paixão. De pé, aos 88 anos de idade, ele elabora penosa e amorosamente uma Pietá, até que a doença o acorrente em definitivo ao leito, onde - com absoluta lucidez - dita um testamento comovente, pedindo "regressar pelo menos já morto" à sua adorada e inesquecível Florença, doando sua alma a Deus e seu corpo á terra. O seu gênio, ele já o tinha legado á humanidade.

Cândido Portinari


                             

Cândido Portinari

      

O pintor Cândido Torquato Portinari nasceu na cidade de Brodósqui, no interior de São Paulo, no dia 29 de dezembro de 1903, numa fazenda de café. Seus pais, Giovan Battista Portinari e Domenica Torquato, eram imigrantes italianos de origem humilde e tiveram doze filhos, o segundo foi Cândido Portinari.
Aos quinze anos Portinari ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, na cidade do Rio de Janeiro e, aos dezoito anos, vendeu seu primeiro quadro chamado Um Baile no Campo. No ano seguinte, em 1922, recebe seu primeiro prêmio: a medalha de bronze do Salão de Belas Artes. Depois de ter sido premiado várias vezes neste Salão, Portinari viajou, em 1929, para a Europa e fixa moradia em Paris, depois de percorrer Inglaterra, Itália e Espanha. O contato com a efervescência plástica da Europa nos anos 30 define o rumo que o pintor seguiria ao retornar ao Brasil. Quando chega, em 1931, já está casado com Maria Victoria Martinelli, mãe de seu único filho, João Cândido.

Mestiço - Cândido Portinari
No ano de 1933, Portinari pinta seu primeiro mural na casa de sua família. A partir de 1935, consegue ficar renomado pela elaboração de seus murais que exploravam a temática brasileira, incluindo a luta das classes trabalhadoras nas plantações, nas favelas e nas cidades.
Entre 1936 e 1939, Portinari foi professor da Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro, onde participou da reestruturação inovadora do programa de belas artes e experimentou a utilização de mosaico de vidro de grandes dimensões. Também desenhou murais para diversos edifícios no Brasil, trabalhando com Oscar Niemayer e Burle Marx, entre outros. Dentre os murais criados por Portinari fora do Brasil, podemos destacar o do Pavilhão Brasileiro para a Feira Internacional de Nova Iorque (1939) e para as Nações Unidas, em 1953.

Retirantes - Cândido Portinari
No mesmo ano, Portinari seu quadro chamado Café recebe menção honorária na Exposição Internacional de Arte Moderna do Instituto Carnegie, em Nova Iorque, fato que o projeta internacionalmente. No ano de 1940, Cândido Portinari foi o primeiro artista sul-americano a ter uma exposição individual no Museu de Arte moderna de Nova Iorque, o nome da exposição era Portinari of Brazil.
Portinari recebeu, entre outros, prêmios na França em 1946 (Légion d’Honneur), o Guggenheim’s National Award (1956), em Nova Iorque e a medalha de Pintor do Ano, em 1955, pelo International Fine Art Council (Nova Iorque). Foi membro do Partido Comunista e ativista político. Portinari faleceu no Rio de Janeiro, no dia 6 de Fevereiro de 1962, em decorrência de intoxicação por chumbo.

Lavrador de Café - Candido Portinari
Dentre suas pinturas podemos destacar: Tiradentes, Lavadeiras, Os Retirantes, Colhedores de Café, Cena Rural, O Sapateiro de Brodósqui, Mestiço, Criança Morta, Colhedores de Café, São Francisco de Assis, Futebol, Menino com Peão, A Primeira Missa no Brasil e Grupo de Meninas Brincando.

Leonardo da Vince

Leonardo da Vince

Leonardo da Vince
Leonardo nasceu numa aldeia perto de Florença, Itália, em 1452. Seu pai, o tabelião Piero não se casou com a jovem Catarina e recusou-se a dar ao menino um nome, o que veio a tornar famosa a aldeia de Vinci.
Um dos maiores gênios de todos os tempos, principal figura da renascença Leonardo consegue ser um mestre da pintura com apenas meia dúzia de quadros -- os únicos que lhe podem ser atribuídos com toda certeza e exclusividade -- entre os quais estão o mais famoso do mundo, a Mona Lisa, e o mais reproduzido na história da arte, A Ceia.

Leonardo passou a infância na casa do avô, longe do pai, mimado pela mãe. Jovem, não foi um exemplo de força de vontade ou rigidez de caráter. Em 1476, por exemplo, os arquivos locais registram duas denúncias contra ele, por maus costumes (sem revelar o que seriam estes atentados ao pudor público).
Aos 16anos já desenhava e pintava, e o pai mandou-o a Florença para trabalhar no ateliê de Verrocchio. Florença era naquela época, cidade de grande prestígio e de muitas glorias. Seu governador, Lourenço de Médicis, chamado "o magnífico", a transformara num centro de cultura, dera-lhe paz e prosperidade. A arte florentina estava no apogeu: Verrocchio, Botticelli, Filippino Lippi e Ghirlandaio - entre outros - ali trabalham protegidos pelo regente. A extraordinária beleza física de Leonardo abre-lhe as portas: louro, olhos azuis, nariz aquilino, teria sido o modelo para o Davi, de Verrocchio. Mas é a sua inteligência e o espírito brilhante que lhe mantêm essas portas abertas.
O Batismo de Cristo, de Verrocchio, é o seu primeiro trabalho importante de aprendiz: o anjo à esquerda segundo consta, é totalmente seu. Giorgio Vasari, pintor menor, mas o maior historiador da arte do Renascimento e contemporâneo de Leonardo, afirma que Verrocchio acabou desgostoso com a pintura, ao ver-se ultrapassado pelo próprio aluno. O certo, porém, é que Verrocchio exerceu sobre Leonardo profunda influência, a qual, embora pequena no campo artístico, foi bastante marcante no campo intelectual.
Diz Vasari, a propósito de Leonardo: "Se não tivesse sido tão volúvel e inconstante, teria feito um grande proveito na erudição e nas letras". Ou em qualquer campo que escolhesse. O problema é que não se fixava e, ainda muito moço, já se dedicava aos desenhos arquitetônicos e aos inventos mecânicos.

Num ensaio famoso, Freud - o pai da psicanálise - atribui uma causa infantil a esta inconstância de Leonardo: viveu com a mãe somente até os 4 anos, quando ela se casou com um certo Accattabriga del Vacca. Indo morar com o avô paterno, Antonio, assistiu ao casamento do pai com Albiera Amadori. O casal não teve filhos e Leonardo chamava a madrasta de madrinha, ligando-se muito a ela. Mas ainda não tinha 13 anos no dia em que ela morreu, e viu o pai casar-se mais três vezes. E não tinha 14 anos quando morreu o avô, seu grande amigo.
Em 1482, aos 30 anos, oferece seus serviços ao Conde Sforza, Ludovico, o Mouro, e segue para Milão, deixando em Florença, inacabadas, duas obras de pintura: Adoração dos Magos e São Jerônimo. Um dos pastores da Adoração, ao que tudo indica, é o seu auto-retrato aos 22 anos. O que encanta os críticos nas suas pinturas inacabadas é exatamente a possibilidade de verem a obra de arte no ato da sua criação.
Fica em Milão até 1499 para projetar a catedral da cidade, mas acaba esboçando e construindo a rede de canais e um vasto sistema de irrigação e abastecimento de água. Além disso, planeja e organiza a defesa de Milão, pondo em prática sua "inventiva" na construção de máquinas para a guerra: o carro de assalto que imaginou, coberto de toras de madeira, movia-se à força de homens ou animais protegidos no seu interior, disparando sobre o inimigo com armas que se deslocavam sobre a abertura superior; o canhão de canos múltiplos disparava rajadas, como as metralhadoras inventadas séculos depois.
Urbanista, fez um projeto completo para a cidade de Milão, eliminando muros, alinhando ruas, prevendo esgotos, vias de dois pavimentos em que os pedestres andariam por cima, deixando a pista embaixo livre para veículos. As casas seriam amplas e ventiladas, e haveria enormes praças e jardins públicos.
Ainda encontrava tempo para superintender as representações teatrais, organizar as sessões de música no palácio e dirigir as grandes festas, enquanto trabalhava numa gigantesca estátua eqüestre de Francesco Sforza. Só o cavalo estava completo, quando os franceses, invadindo a cidade, destruíram o modelo em gesso em 1500. Também datam dessa época seus estudos de Anatomia e Proporções, de Perspectiva e de Óptica.



Também é dessa época o quadro A Virgem dos Rochedos, primeiro daquele período que chegou até nós acabado, embora esteja bastante danificado. É a primeira obra de Leonardo terminada que conhecemos e dela existem duas versões, uma no Museu do Louvre e a outra, provavelmente posterior, na Galeria Nacional de Londres. Um contrato assinado a 25 de abril de l483 obrigava-o a entregar, até o dia 8 de dezembro do mesmo ano, um mural para o altar da Virgem, na Igreja de São Francisco, em Milão. Leonardo contratou os irmãos De Predis para participar da execução, mas antes de terminada a obra romperam o contrato. No dia marcado, Leonardo não entregou o trabalho; começou aí uma questão judicial que durou 25 anos.
Ao que tudo indica, enquanto procurava cumprir a tarefa, com a colaboração dos irmãos De Predis e segundo exigências que determinavam uma série de pormenores na maneira de retratar os personagens, Leonardo trabalhava sozinho em outra versão, pessoal. É esta versão que está no Louvre. Inspira-se no animismo. Segundo esta doutrina, comum no Renascimento, a natureza inteira é animada por almas diversas, todas com caráter espiritual. Assim, a rocha, as flores, os animais e os homens constituem expressões diversificadas de uma mesma força vital e assim devem ser representados. Leonardo afirma, nos seus manuscritos, que a Terra vive e tem uma alma: os rios são suas artérias, os regatos são as veias, o fluxo e o refluxo do mar são o seu alento, nos vulcões está a residência da vida, o oceano em tomo dos mares é um lago de sangue em volta do coração. A Virgem dos Rochedos emerge de uma atmosfera vibrátil, densa, os objetos perdem os contornos rígidos para respirarem livremente, irradiando uma luz interna, nascida do íntimo, como se viesse mesmo da própria vida contida em cada um. O tema e o desenho foram tomados e copiados por contemporâneos, provavelmente alunos seus, com sutilíssimas modificações. Um desses quadros está na Pinacoteca de Milão e outro na Igreja de Affori, perto de Milão.
Na mesma época pintou A Ceia ou O Cenáculo, no qual retrata o momento em que Cristo anuncia haver um traidor entre os presentes. A intenção dramática é evidente na própria escolha da distribuição dos personagens, na fixação da atitude de cada um: espanto, suspeita, indiferença, dúvida, indignação, amor.
A Ceia custou três anos de trabalho, de 1495 a 1497. Pintou-a numa parede do Convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão, com mais de 9 metros de comprimento e 4 metros e 20 centímetros de altura. Leonardo começa trabalhando com rapidez, dias inteiros, esquecido de tudo. Mas atravessa uma época difícil. A guerra contra Carlos VIII desvia o bronze necessário para fundir o monumento a Francesco Sforza, que custara tantos anos de trabalho.
Ele se queixa a Ludovico e cai em desgraça.
Por essa época, vive frugalmente, como um monge. Vegetariano por convicção, não bebe porque "o vinho toma a sua vingança ao bebedor". Às vezes, passa vários dias sem pegar um pincel, desenhando e redesenhando as figuras da Ceia. Há uma enorme série de estudos não só do conjunto como de cada um dos apóstolos, inclusive despidos - para melhor estudar o movimento e a atitude de cada um. Esseás desenhos estão em Milão, no Louvre, em Windsor, na Academia de Veneza e na Albertina de Viena. As duas figuras centrais, Cristo e Judas, merecem um longo estudo e uma incansável busca por modelos dignos. Judas acaba ficando muito parecido com Savonarola - que então domina a vida de Florença, até ser queimado.



Os críticos discutem até hoje se Leonardo terminou ou não sua obra. Sem muita sorte, apesar dos novos processos que ensaiou, em pouco tempo as cores começaram a desbotar, as paredes a descascar, a umidade atacando a têmpera aplicada diretamente sobre o muro.
É até possível que Leonardo tenha abandonado o trabalho, por causa das más condições do local. Luca Pacioli, amigo de Leonardo, escreve em 1498 que "o maravilhoso trabalho não está acabado, mas é uma obra-prima, numa localização infeliz".
Os padres de Santa Maria chegam a abrir uma porta no mural. Sucessivas tentativas de restauração comprometem ainda mais a Ceia, que tendo escapado por um triz ao bombardeio aéreo na II Guerra Mundial, ficou sujeita depois a nova tentativa de restauração.
De qualquer forma, a Ceia devolve Leonardo às boas graças de Ludovico, que o presenteia com uma vinha em São Vitório. Mas desde a morte da mulher, em 1496, que Ludovico não é o mesmo homem, a corte não tem para ele o mesmo brilho. E quando os franceses invadem a cidade, em 1500, Leonardo, abalado pela derrota de Ludovico - de quem era conselheiro militar -, poe-se a serviço de César Bórgia. Em Florença ele é o Consultor para Questões de Arquitetura. De 1500 a 1501 viaja o tempo todo.
Vai a Mântua, onde é hóspede de Isabella dáEste (que encomenda, entre outras coisas, um retrato que nunca foi além do primeiro esboço, apesar do empenho da ilustre dama).
Em Veneza estuda o sistema defensivo da cidade, ameaçada pelos turcos, projeta gigantescas catapultas, preocupa-se com o domínio dos ares. Depois de estudar a fundo o vôo das aves conclui que o homem jamais voará batendo asas, mas está certo de que, resolvido o problema da propulsão, o homem voará, porque a estabilidade e o pouso não serão problema. Cria um pára-quedas e começa a estudar um engenho voador mecânico. Chega, inclusive, a criar o parafuso aéreo, uma antevisão do helicóptero, de propulsão mecânica.
Baseado no princípio de Arquimedes inventa uma bomba hidráulica, para elevar água, a primeira do gênero. Imagina ainda uma bomba de poço e uma roda hidráulica. Projeta uma ponte parabólica. Estuda os peixes e, para vencer a resistência da água, aconselha novos perfis para as embarcações. Projeta vários modelos de barco, inclusive um movido a rodas de pás - como os navios a vapor de trezentos anos depois.

Em Veneza é acusado de desrespeito aos mortos, por dissecar cadáveres, o que constituía crime, além de ser um terrível pecado contra a Igreja. O escândalo é abafado.
Nomeado engenheiro militar acompanha César Bórgia nos seus empreendimentos guerreiros e encontra tempo para inventar uma grua de cabrestante com freio dentado e equilibrada por contrapeso, um isqueiro para acender canhões e uma draga palustre de pás escavadoras. E também para pintar: começa Gioconda em 1503.
Segundo Vasari, Francesco del Giocondo, um rico florentino, encomendou a Leonardo - e pagou-lhe muito bem por isso - um retrato de sua mulher, Mona Lisa.
Quatro anos depois o quadro não está pronto. Aqui começa o grande debate: quem é a dama do quadro? A mulher de Giocondo? É este o retrato de uma jovem de 26 anos? Ou é o retrato de Constança dáAvalos, Duquesa de Francavilla, "inclusive com o véu negro de viúva?" Há quem afirme - e a sério - que o encantador sorriso é de um jovem, travestido.



Diz a lenda que Leonardo tocava, para distrair seu modelo, música composta por ele em instrumentos inventados por ele, como um órgão a água e uma lira de prata (que daria de presente a Ludovico). O certo é que a Mona Lisa del Giocondo se tornou o quadro mais célebre da pintura ocidental. Hoje está no Louvre, como principal atração turística, numa sala em que um Rafael e um Correggio passam despercebidos, ofuscados pela fama da Gioconda. Aqui também Leonardo foi copiado. A mesma pose foi repetida por dezenas de artistas que retrataram mulheres vestidas e despidas na mesma posição, à procura do mesmo sorriso inimitável, durante mais de cem anos.
Também data de 1503 Santana, a Virgem e o Menino, cuja exposição é um sucesso. Filipino Lippi, convidado a fazer o quadro para os padres da Annunziata, que queriam a Virgem, o Filho e a Mãe num mesmo altar, recusou-se modestamente, indicando Leonardo, em 1500. Ele recebe dinheiro por conta e não dá andamento ao trabalho, nem apresenta um projeto. Está preocupado com a Geometria, depois com a Hidráulica, em seguida com a Geometria dos Sólidos, e logo com a Anatomia.
Leonardo também não completa o afresco que a República Florentina encomenda para a Sala do Conselho do Palácio da Senhoria. Nesta enorme sala, Leonardo deveria pintar a Batalha de Anghiari, que ficaria de frente para outra pintura comemorativa, a da Batalha de Cascina, a cargo de um jovem que iniciava brilhantemente a carreira: Michelangelo Buonarroti. Certo de superar seu concorrente, Leonardo trabalha com rapidez e segurança. Mas, assim que o afresco começa a deteriorar-se, pois as novas técnicas de Leonardo não aprovam, perde o interesse, faz um depósito de 150 florins e segue para Milão.
Em Milão tenta recuperar a vinha que Ludovico lhe dera, procura acalmar os padres a quem ainda deve A Virgem dos Rochedos e aceita a incumbência de fazer uma estátua eqüestre, um monumento a Trivulce. Mas Ludovico reconquista o poder, os franceses fogem e Leonardo é obrigado a sair às pressas, acusado de colaborar com o inimigo.
Foge para Roma, coloca-se a serviço de Juliano de Medici. Roma não lhe é simpática, prefere Rafael e Michelangelo, artistas mais jovens. Nesta época quase não pinta, aprofunda seus estudos de Matemática, dedica-se decididamente aos projetos de Arquitetura e de Engenharia, aos estudos de Anatomia, à redação do seu tratado sobre pintura (que só será editado posteriormente em Paris para comemorar o seu centenário, em 1551, com o título de Tratado da Pintura).

E só em 1510 acaba por fim Santana, a Virgem e o Menino, ainda assim sem alguns detalhes.
A morte de Juliano precipita sua partida de Roma. Aceita o convite de amigos franceses e deixa definitivamente a Itália em 1516. Leva seus manuscritos, centenas de desenhos, três quadros - todos os três feitos por encomenda e nenhum deles entregue.
Doente, com um problema de articulação na mão esquerda, não pinta mais, vai aos poucos perdendo as forças. Mora no Castelo de Cloux, perto de Amboise, no Touraine - uma residência de Francisco I. O rei é uma das suas visitas constantes. Outra é De Beatis, secretário do Cardeal de Aragon, a quem confessa que dissecara trinta cadáveres, corpos que precisou comprar ou roubar para arrancar a pele, seguir o caminho das veias, estudar a junção dos ossos, aprender a disposição dos músculos, á procura dos segredos do movimento do homem. Mostra suas pesquisas, as conclusões a que chegou, as questões que formulou, tudo anotado numa escrita peculiar, intraduzível, indecifrável durante anos (até que se descobriu que ele escrevia para ser lido diante de um espelho). Esses cadernos, se revelados e aceitos na época, certamente teriam feito a medicina avançar cem anos, no mínimo.
O mês de abril de 1519 ele o passa na cama, cercado por três quadros: a Mona Lisa del Giocondo; Santana, a Virgem e o Menino e o São João Batista, que provavelmente pintou em Roma como sua última obra.

No dia 2 de maio o Rei Francisco I visita mais uma vez Mestre Leonardo. Para aliviar-lhe a dor, sustenta sua cabeça nos braços. "Reconhecendo que não podia gozar de honra maior" (segundo Vasari), Leonardo da Vinci morre nos braços do rei.

Está morto o homem que inventou sapatos para caminhar sobre a água, que inventou o salva-vidas, que inventou o compasso parabólico, que inventou máquinas capazes de fazer lentes telescópicas de 6 metros e lentes côncavas, que demonstrou a impossibilidade do moto-contínuo, que descobriu a mecânica dos músculos, que mediu a distância do Sol a Terra e o tamanho da Lua. Está morto o homem que pintou o quadro mais reproduzido do mundo, além de pintar o quadro mais célebre, mas que entre todas suas obras só gostava verdadeiramente de Santana, a Virgem e o Menino.

História do Brasil - Pedro Álvares Cabral

História do Brasil - Pedro Álvares Cabral

25/12/2009
Pedro Alvares Cabral chega ao Brasil
Em 1500, o rei de Portugal D. Manuel, organizou uma poderosa esquadra com dez naus, duas caravelas e 1.500 homens. Tudo isso era comandado pelo fidalgo Pedro Álvares Cabral.

Esta expedição contava com experientes navegadores como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho. Tinha como objetivo primeiro assegurar o domínio das terras conquistadas nas Índias e tomar posse de quantas terras encontrasse pelo caminho.

A esquadra partiu de Portugal no dia 8 de março de 1.500 durante o percurso desviaram-se do caminho e navegam para o oeste.

Depois de muitos dias de viagem avistaram um monte, no dia 22 de abril, e deram-lhe o nome de Monte Pascoal, por ser Páscoa. Logo chamaram essa terra de ILHA DE VERA CRUZ, por pensarem se tratar de uma ilha.

Quando aportaram, tomaram contato com os habitantes nativos, os índios Tupiniquim, que habitavam o litoral.

Após alguns dias os portugueses celebraram uma missa em terra firme e ergueram uma cruz de madeira como símbolo de posse da terra.

Quando a esquadra partiu para as Índias, deixou aqui dois detentos portugueses a fim de aprender a língua tupi e os custumes dos nativos. Além disso, enviou Gaspar de Lemos de volta para Portugal com uma carta de Pero Vaz de Caminha, comunicando ao rei as características das novas terras pertecentes, daquela data em diante, ao reino portugês.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O Universo

                              O Universo
 Existe uma grande quantidade de estrelas no universo, com diferentes tamanhos. As estrelas são corpos que apresentam luminosidade por realizarem várias reações termonucleares em seu interior, havendo liberação de energia.O universo possui bilhões de galáxias, compostas por planetas, asteroides, estrelas, cometas, satélites naturais, poeira cósmica, entre outros corpos celestes.
Apesar dos avanços tecnológicos e as diversas pesquisas realizadas por astrônomos e astrofísicos sobre o universo, ainda não é possível afirmar a sua dimensão, em virtude de sua grande extensão e complexidade.
Existem diversas galáxias no universo, sendo que uma delas é a Via Láctea, onde está localizado o sistema solar. O sistema solar é um conjunto de corpos que giram em torno de uma estrela principal, o Sol.
Os planetas que compõem o sistema solar são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Plutão, durante décadas, foi considerado um planeta do sistema solar, porém, em 2006, a União Astronômica Internacional (IAU) classificou esse corpo celeste como um “planeta anão”.
A Terra, terceiro planeta a partir do Sol, possui apenas um satélite natural, a Lua, localizada a cerca de 380 mil quilômetros de distância do nosso planeta.

Planeta Terra

        Planeta Terra
   Planeta-Terra O planeta Terra está localizado no sistema solar, sendo o terceiro mais próximo do Sol, dos oito planetas que o compõem. O “planeta azul” como também é conhecido, é coberto, em mais de 70%, por água dos oceanos, sem considerar os rios e mares que ficam na parte seca do planeta. Composta por cinco continentes, a área seca tem 148.647.000 Km2. Já os oceanos têm uma área estimada de 361 milhões de Km2, abrigando diversas formas de vida, animais e plantas aquáticos. É único planeta do qual se tenha notícia de ter seres vivos.

    Em nível espacial, tem uma característica bastante importante para que haja vida em seu interior: a existência de atmosfera. É composta por vários gases, sendo o nitrogênio, o oxigênio e o argônio os três principais gases da atmosfera. Ela serve para vários fins, entre eles, proteger a Terra de raios ultravioletas e prover oxigênio para a respiração dos seres vivos. A Terra realiza os movimentos de translação, que é o movimento em torno do Sol, durando 365 dias (um ano) e o movimento de rotação, movimento em torno de seu próprio eixo, que dura cerca de um dia ( 24 horas).

    A Terra tem várias camadas para dentro. A crosta é a camada mais externa e onde vivemos. Ela, junto a uma camada acima do Manto, é chamado de Litosfera, que é totalmente sólida. Abaixo existe o Manto, uma camada composta de silício, ferro e magnésio. O mais interno é o núcleo, que tem uma parte líquida e outra sólida, mesmo estando à altíssimas temperaturas. 

    Na região da Litosfera é que estão localizadas as placas tectônicas. Essas placas são pedaços de Litosfera que ocupam toda Terra. A Terra tem sete grandes placas tectônicas e muitas outras menores. Elas ficam umas “encaixadas” nas outras e essa área que está entre uma placa e outra são os pontos de ocorrência de terremotos e de vulcões. Isso porque quando uma placa “fricciona” a outra, os resultados podem ser vulcões ativos, terremotos, tsunami entre outros.  

    Planeta-TerraSua forma não é perfeitamente arredondada, mas sim um pouco achatada e inclinada, cerca de 23 graus. Essa inclinação aliás, influencia, junto à translação, para determinar as estações do ano (inverno, verão, outono e primavera). Tem uma massa de, aproximadamente, 5,973.1024 e volume em torno de 1,083. 1012. É o maior dos planetas sólidos, já que os outros planetas maiores que a Terra, no sistema solar, são gasosos. Tem em si várias linhas imaginárias, como os trópicos de Capricórnio, de Câncer, a linha do Equador (linha que corta a terra ao meio dividindo-a em norte e sul) e o meridiano de Greenwich ( também cora a Terra ao meio, mas desta vez na vertical, dividindo em lados leste e oeste). Não são somente essas linhas, existem vários trópicos e meridianos, ajudando, por exemplo, a definir o fuso-horário nas diferentes cidades do mundo.

    Mas para que se chegasse ao planeta em que vivemos e para que ele adquirisse essa formação foram anos de formação. Segundo os evolucionistas foram mais 4,6 bilhões de anos. Para os criacionistas foram de 6 a 10 mil anos. As divergências entre essas duas correntes não param por aí: a forma como a Terra se formou, de como a vida surgiu e sobre como a vida possa, possivelmente acabar, também assuntos que as duas linhas de raciocínio não acharam ponto comum.